É sabido que pensadores cristãos nunca se cansaram de comparar Sócrates e Jesus: ambos foram condenados por seus ensinamentos, ambos compareceram aos tribunais e não se defenderam, ambos nada deixaram escritos, ambos criaram uma posteridade sem limites, e tudo quanto sabemos sobre eles depende de fontes indiretas.
Entretanto Sócrates, diferentemente de Jesus, não tinha nada para profetizar, não tinha uma mensagem religiosa, propriamente dita.
Alguns fizeram dele um herói. Seu comportamento na guerra e sua atitude nos três comparecimentos à Assembléia parecem favorecer tal imagem. No entanto, a imagem de herói também não lhe parece convir. Porventura alguém já viu um herói discutir os valores e ideais de sua pátria? O herói não é justamente aquele que nada pergunta e se lança cegamente na ação corajosa?
Outros fizeram dele o sábio por excelência. Mas a imagem também não parece lhe corresponder. De fato, a imagem do sábio é a de alguém que realiza, quase milagrosamente, as grandes e difíceis virtudes: domínio de si, moderação, equidade, probidade, desprezo por valores materiais, desligamento das coisas deste mundo. Ora, os relatos dos amigos e discípulos mostram que Sócrates gostava de boa mesa, de bom vinho, bebia e comia à vontade nos banquetes a que comparecia; gostava do sexo viril dos gregos, em que um homem
adulto tem amantes masculinos jovens e belos (e os jovens disputavam o amor de Sócrates); perdia a paciência com facilidade quando o interlocutor não aprecia interessado pela discussão, agride, zomba, faz críticas contundentes e virulentas. Sócrates é muito humano para ser reduzido à condição de sábio: gosta de dançar e tocar lira, gosta do convívio das prostitutas e de grandes bebedeiras.
Uma estranheza peculiar. Conduta excêntrica: caminhando a conversar com um amigo, fica plantado atrás, parado numa meditação; conviva refinado e educado, não tem os bons modos de chegar na hora; não é pobre, mas vive como desvalido; anda descalço, mas freqüentava a alta sociedade; dizem que só gostava de meninos, mas adorava falar com as prostitutas...
Esta postagem não possui a petulância de revelar o Sócrates verdadeiro, apresentaremos o Sócrates provável, resultado da combinação dos diferentes testemunhos. O Sócrates que se julgava ser desprovido de Oratória, mas que quando falava paralisava o adversário e apaixonava o aliado.
Filho de Sofronisco e de Frenerete, Sócrates nasceu em Atenas no final de 470 ou no início de 469 a.C. Seu pai era escultor, tendo lhe ensinado este ofício; sabe-se que um conjunto de estátuas representando as Três Graças, na entrada da Acrópole, foi considerada da sua autoria. Por ofício, portanto era um técnico. Sua mãe era parteira e Sócrates teria comparado seu modo de filosofar ao trabalho de Fenarete, dizendo que disignava suas dores como as dores de parto. Pode-se, portanto, seguindo essa analogia, tentar caracterizar as dores dessa alma que se recupera do parto com os sortilégios socráticos. É tanto a exasperação de uma expectativa como as pontadas de uma tensão. Enfim, enquanto sua mãe fazia partos de corpos Sócrates fazia os das almas.
Sabe-se que Sócrates viveu sempre em Atenas, de onde se afastou somente três vezes para cumprir seu dever de soldado. Participou das batalhas de Potidéia, Délio e Anfípolis.
Contradizendo outras opiniões, Platão conta que Sócrates viveu em extrema pobreza, testemunho esse confirmado por Xenofonte, segundo o qual a casa e todos os bens móveis de seu mestre estavam avaliados em cinco minas, vale dizer, em menos de 100 dólares hoje.
Apesar da situação modesta de sua família, Sócrates recebeu a educação liberal a que todo cidadão de Atenas era obrigado. Eram, principalmente, a ginástica e a musica, isto é , todos os exercícios que desenvolvem e fortificam o corpo e o espírito. A isso é necessário juntar a gramática, que era um prelúdio e uma condição prévia, e que, reunida aos dois outros, formava a educação completa e perfeita do jovem ateniense.
Sócrates manteve-se afastado da vida política. Toda a sua vida foi dedicada à filosofia, que considerava como sua vocação, como missão confiada pela divindade. Por outro lado, não teve um ensinamento regular. A sua atividade de mestre explica-se com o exame incessante de si mesmo e dos outros, exame que era dirigido a esclarecer os conceitos diretivos da vida humana: a virtude, a felicidade, a justiça, o bem. Restringia seu exame à vida moral. Não especulou sobre o universo físico nem se deteve a indagar a natureza do conhecimento humano. Seu interesse era o homem na sua conduta prática e nas suas relações com os outros, na vida social. Já os sofistas tinham chamado, com seus ensinamentos, a atenção da filosofia sobre o homem como tal. Porém, realmente só com Sócrates o homem é colocado no centro do filosofar.
Se não temos, sobre a primeira parte da vida de Sócrates, senão informação incompleta e incerta não ocorre o mesmo em relação aos pormenores que foram conservados a respeito de sua pessoa e que são não somente abundantes, mas parecem ter grau suficiente de valor histórico.
Sabe-se que conhecemos as doutrinas de Sócrates pelos testemunhos de Xenofonte, Platão e Aristóteles. A caricatura que Aristófanes fez-lhe em “Nuvens”, apresentando-o como filósofo naturalista e sofista, não tem valor histórico. Aristóteles reuniu, na figura mais popular de Atenas daquele tempo, caracteres que pertenciam a personagens reais diversos. É controvertida a questão do valor a dar-se, respectivamente, aos testemunhos de Xenofonte, Platão e Aristóteles. A apresentação de Xenofonte é muito mesquinha para justificar a enorme influência que exerceu Sócrates em todos os tempos. As indicações de Aristóteles são escassas e nada mais nos dizem daquilo que sabemos de Xenofonte e de Platão. Somente nos diálogos de Platão a personalidade de Sócrates vive em toda a sua plenitude. Platão também atribui a Sócrates doutrinas que realmente não lhe pertencem, mas moveu-se em toda a sua vida na atmosfera do filosofar socrático e quis, explicitamente, permanecer fiel ao mestre. Por isso, os testemunhos de Xenofonte e Aristóteles apenas podem servir a mitar, na complexa figura do Sócrates platônico, um núcleo das doutrinas pertencentes ao Sócrates histórico.
Aos 70 anos, foi Sócrates acusado por três cidadãos de Atenas, Melito, Anito e Lícon, de corromper a juventude, ensinando crenças contrárias à religião do Estado. Defendeu-se exaltando sua missão educativa e declarando nunca ter descurado no próprio interesse dos cidadãos atenienses. Foi reconhecido culpado, sendo condenado a beber cicuta. No intervalo entre a condenação e a execução (que foi retardada por festividades religiosa), seus amigos quiseram induzi-lo a fugir. Sócrates recusou. Em toda a sua vida havia ensinado a justiça e o respeito às leis; não quis, com sua fuga, desmentir esse ensinamento. Sua morte foi assim, o último testemunho e decisiva confirmação de sua filosofia: bebeu a cicuta em 399 a.C., em meio a um grupo de discípulos e amigos, depois de ter discorrido (se é verdadeiro o testemunho de Platão) sobre a imortalidade da alma e o destino do homem após a morte.
Segundo relatos de Xenofonte e Platão, com pequenas diferenças de colocação, a acusação conta Sócrates compõe-se de tres pontos, a saber:
1°)não reconhecer os deuses do Estado;
2°)introduzir inovações religiosas pelo culto de divindades não reconhecidas
3°)sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas.
Platão colocou em primeiro lugar o 3° ponto.
Conta-se que, tomado de arrependimento e remorso, o povo ateniense, em um impulso de cólera, massacrou, sem julgamento, todos os acusadores de Sócrates, segundo relato de Suidas, a pedradas .
SÓCRATES E SEU TEMPO
Julgamos que para adentrar com determinada segurança no universo socrático, faz-se necessário ter uma noção do contexto histórico e filosófico, o qual Sócrates estava inserido. E assim munidos de tal elucidação, podemos perceber e fazer o jus reconhecimento ao homem que se tornou o divisou de águas na História da Filosofia.
É sabido que o apogeu da Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade gregas; portanto, durante a Grécia clássica.
Os quatro grandes períodos da Filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e se enriquece,são: Período pré-socrático ou cosmológico; Período socrático ou antropológico;Período Sistemático;Período helenístico ou grego-romano.
Em virtude da finalidade do nosso trabalho nos limitaremos à maior explanação dos seguintes períodos:
Uma das primeiras Escolas do Período pré-socráticos era a Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso.Esta Escola estava estabelecida nestas cidades porque nessa época, essas cidades jônicas da Ásia Menor estavam no apogeu da civilização ocidental. Nelas existiam homens que haviam superado as práticas mágicas que nunca desapareceram entre os camponeses. . O desenvolvimento da ciência jônica teve seu ápice com o atomismo de Demócrito, um contemporâneo de Sócrates e Platão.
Os cosmogônicos jônicos presumem (sem mesmo sentir a necessidade de declará-lo) que todo o Universo é natural e está potencialmente dentro do alcance do conhecimento como algo tão comum e racional quanto nosso conhecimento de que o fogo queima e a água afoga. O conceito de Natureza é ampliado para incorporar o que havia sido o domínio do sobrenatural. O sobrenatural concebido pela mitologia simplesmente desaparece, tudo o que realmente existe é natural. Portanto sabemos que o produto da razão pode ser tão perigosamente falso quanto o produto da imaginação produtora de mitos.
A filosofia socrática é uma reação contra essa inclinação materialista da ciência jônica!A filosofia pré-socrática começa com a descoberta da Natureza, a filosofia socrática começa coma a descoberta da alma humana.
O pensamento desses jônicos não foi capaz de satisfazer as expectativas de Sócrates.Sabe-se que as nossas autoridades confiáveis - Platão, Xenofonte, Aristóteles –concordam que Sócrates, depois de seu desencanto juvenil com relação aos métodos e resultados da investigação física, nunca discutiu questões referentes à origem.Será que os homens de ciência imaginavam entender as preocupações humanas tão bem que podiam se dar ao luxo de negligenciá-las em favor do estudo de coisas externas à esfera humana e além da capacidade humana de descobri a verdade?
Sócrates tinha toda razão ao afirmar que uma característica essencial dele é seu claro senso do que podemos e do que não podemos conhecer, bem como do perigo de aspirar a um conhecimento cujas bases nunca foram examinadas. A filosofia reserva-se o direito da perguntar ao cientista como ele chegou a seus conceitos e se estes são válidos.
A especulação física, pensava ele,podia ser transformada em uma explicação significativa e inteligível se os homens de ciência conseguissem olhar para outra direção e não considerar o mundo como o reino da necessidade mecânica, mas como um processo em direção a um fim que era bom e, portanto, objeto do planejamento racional.
Num período de esplendor conhecido como o Século de Péricles Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia. Eis a época de maior florescimento da democracia, a qual possuía duas grandes característica para o futuro da Filosofia.
A democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. E a democracia sendo direta e não por eleição de representante, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim a figura política do cidadão.
Para que se conseguisse que a sua opinião fosse aceita nas assembléias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Deflagrando num mudança na educação grega.
Enquanto não existia a democracia, e dominavam as famílias aristocráticas, essas famílias se valiam dos dois grandes poetas gregos:Homero e Hesíodo. Criou-se um padrão de Educação que afirmava que o homem ideal era o guerreiro belo e bom.Belo pois seu corpo era formado pela ginástica e bom pois era formado escutando Homero e Hesíodo.
Quando,porém, a democracia se instala e o poder vai sendo retirado dos aristocratas, esse ideal educativo também vai sendo substituído por outro.
Ora,qual é o momento em que o cidadão mais parece e mais exerce a cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembléias. Assim a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.Portanto para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas,surgiram, na Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período socrático.
Os sofista (rivais contemporâneos de Sócrates) não constituíram uma escola, eram professores individuais dos mais variados tipos.Eles diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratória ou retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Quando no entanto temos consciência de que aqueles homens não podiam contribuir para a busca da verdade,pois eles achava que já a possuíam ou algo que funcionava como ela. Uma má interpretação uniu as atitudes de Sócrates com os sofistas, o que deflagrou no episódio de aos setenta anos, ele ter entre suas acusações: sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas.
CONHECE-TE A TI MESMO?
Indo consultar o oráculo de Delfos, Sócrates ouve a voz (interior) do dáimon (coisa sobrenatural que Sócrates acreditava que lhe dava sinais sobre as coisas que iriam acontecer), que lhe transmite a mensagem de Apolo: “Sócrates é o homem mais sábio entre os homens”. Espantado Sócrates procura os homens que julgava sábios consulta-os para que lhe digam o que é a sabedoria. Descobre, porém, que a sabedoria deles era nula. Compreende, então, o que o daímon lhe diz: “Agora já sabes por que és o mais sábio de todos os homens”. Sócrates compreende, enfim, que nenhum homem sabe verdadeiramente nada, mas o sábio é aquele que reconhece isso. O inicio da sabedoria é, pois, “sei que nada sei”.
Sócrates afirma, também, que o homem não pode saber senão uma coisa, que é, igualmente, a única que lhe interessa conhecer: ele próprio. Ora, para medir a extensão e fixar os limites de nosso poder de conhecer, evidentemente foi preciso instituir uma espécie de critica a razão. Foi assim que o homem pela primeira vez, o homem tomou a si próprio e com consciência por objeto do seu exame, por objeto do seu estudo, por matéria de ciência.
Sócrates fizera sua a sentença do oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”.Interpreto-a como um convite ao exame incessante de si mesmo, querendo promover nos outros a necessidade de tal exame.Enfim, o homem não se decide a esse exame até que não se reconheça ignorante. Para tal fim, serve-se da ironia, com ele Sócrates revela o caráter fictício do saber que seus interlocutores crêem possuir, mortiça a vaidade e os dispõe àquela humildade da qual somente pode nascer à procura da verdade.
Diferentemente dos sofistas, Sócrates não se apresenta como professor. Pergunta, não responde. Indaga, não ensina. Não faz preleções, mas introduz o diálogo como forma de busca da verdade. Esta foi à razão dele nunca ter escrito coisa alguma. Dizia que a escrita é muda e que sua mudez cristaliza idéias como verdades acabadas e indiscutíveis.
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Esse método consiste, essencialmente, em reduzir todas as nossas opiniões em proposições claras e,se não incontestáveis, pelo menos aproximadamente incontestadas, e compará-las a fatos tão nítidos e simples de modo que ninguém posso negar. É assim que poderemos-diz Sócrates- descobrir ou demonstrar a definição das coisas, a qual nos faz conhecer a verdadeira essência. Essa essência das coisas é uma idéia, um universal, conveniente a todos os objetos individuais que têm o mesmo nome, mas que não é separado nem separável.
A maiêutica é, na verdade, a arte da pesquisa associada. O homem, sozinho, não pode atingir a verdade; pode atingi-la somente com um dialogar contínuo com os outros e consigo mesmo. Nesse dialogar continuo com os outros e consigo mesmo. Nesse dialogar; chega à luz o seu verdadeiro eu e o eu dos outros, e determinam-se aqueles conceitos, aquelas verdades universais,nas quais todos os homens podem reconhecer-se e estar de acordo, e que, por isso mesmo, devem atingir para orientação de sua vida.
Aqui observamos mais fortemente a antítese de Sócrates com os sofistas, enquanto eles queriam persuadir a todo custo, conduzir por todos os meios os outros a dar sua razão, não se preocupando com a verdade nem com a justiça, mas somente com o sucesso. Sócrates não se preocupa com o sucesso e não ter opinião própria. Quer conduzir os outros à sinceridade consigo mesmos, para impregná-los na procura da verdade e da justiça, e, nessa procura, todos os homens são solitários em principio.
Também se disse que o homem, considerado pelos sofistas como a medida de todas as coisas, é o individuo sensível, enquanto o homem de que fala Sócrates e a que ele apela é o homem individual, o homem concretamente existente na individualidade de sua natureza e de seus interesses; mas, para ele, o individual vive somente na solidariedade com os outros, devendo dirigir-se à verdade universal e a uma justiça igual para todos que consentem em realizar aquela solidariedade.
CONCLUSÃO
Para Sócrates saber não significa ser virtuoso. O homem que não sabe o que é bem não pode praticá-lo; o homem que não se preocupa em saber o que é a justiça não pode ser justo. A moral de Sócrates não implica nenhum ceticismo, nenhuma renuncia ao aspecto propriamente humano, sensível da vida, que é o prazer, o qual não é uma satisfação animalesca da necessidade, mas aquilo que acompanha o livre exercício da procura teorética, aquilo que é conexo com o saber e com a virtude. A maior infelicidade para o homem consiste em cometer a injustiça, que mancha a alma e torna-a triste e doente.
Não obstante, Sócrates, se ele considera esta vida filosófica, que consiste não somente interrogar-se e confessar-se a si mesmo, mas em interrogar e confessar, por bem ou por mal, e publicamente, os outros, como um dever religioso, uma obrigação diante de Deus, eles desfrutam um prazer e aí encontram uma felicidade que não se camufla. Sócrates obedece sem dúvida, aos deuses que lhe ordenam, mas sem o constante estudo do homem moral, sobretudo, a vida lhe pareceria bem miserável:não existe senão uma vida desejável, a vida do espírito, pois uma verdadeira felicidade é o esforço ativo da alma na pesquisa, e tanto que ela possa, na posse da verdade.
Antes e depois de Sócrates/2001
Entretanto Sócrates, diferentemente de Jesus, não tinha nada para profetizar, não tinha uma mensagem religiosa, propriamente dita.
Alguns fizeram dele um herói. Seu comportamento na guerra e sua atitude nos três comparecimentos à Assembléia parecem favorecer tal imagem. No entanto, a imagem de herói também não lhe parece convir. Porventura alguém já viu um herói discutir os valores e ideais de sua pátria? O herói não é justamente aquele que nada pergunta e se lança cegamente na ação corajosa?
Outros fizeram dele o sábio por excelência. Mas a imagem também não parece lhe corresponder. De fato, a imagem do sábio é a de alguém que realiza, quase milagrosamente, as grandes e difíceis virtudes: domínio de si, moderação, equidade, probidade, desprezo por valores materiais, desligamento das coisas deste mundo. Ora, os relatos dos amigos e discípulos mostram que Sócrates gostava de boa mesa, de bom vinho, bebia e comia à vontade nos banquetes a que comparecia; gostava do sexo viril dos gregos, em que um homem
adulto tem amantes masculinos jovens e belos (e os jovens disputavam o amor de Sócrates); perdia a paciência com facilidade quando o interlocutor não aprecia interessado pela discussão, agride, zomba, faz críticas contundentes e virulentas. Sócrates é muito humano para ser reduzido à condição de sábio: gosta de dançar e tocar lira, gosta do convívio das prostitutas e de grandes bebedeiras.
Uma estranheza peculiar. Conduta excêntrica: caminhando a conversar com um amigo, fica plantado atrás, parado numa meditação; conviva refinado e educado, não tem os bons modos de chegar na hora; não é pobre, mas vive como desvalido; anda descalço, mas freqüentava a alta sociedade; dizem que só gostava de meninos, mas adorava falar com as prostitutas...
Esta postagem não possui a petulância de revelar o Sócrates verdadeiro, apresentaremos o Sócrates provável, resultado da combinação dos diferentes testemunhos. O Sócrates que se julgava ser desprovido de Oratória, mas que quando falava paralisava o adversário e apaixonava o aliado.
BIOGRAFIA
Filho de Sofronisco e de Frenerete, Sócrates nasceu em Atenas no final de 470 ou no início de 469 a.C. Seu pai era escultor, tendo lhe ensinado este ofício; sabe-se que um conjunto de estátuas representando as Três Graças, na entrada da Acrópole, foi considerada da sua autoria. Por ofício, portanto era um técnico. Sua mãe era parteira e Sócrates teria comparado seu modo de filosofar ao trabalho de Fenarete, dizendo que disignava suas dores como as dores de parto. Pode-se, portanto, seguindo essa analogia, tentar caracterizar as dores dessa alma que se recupera do parto com os sortilégios socráticos. É tanto a exasperação de uma expectativa como as pontadas de uma tensão. Enfim, enquanto sua mãe fazia partos de corpos Sócrates fazia os das almas.
Sabe-se que Sócrates viveu sempre em Atenas, de onde se afastou somente três vezes para cumprir seu dever de soldado. Participou das batalhas de Potidéia, Délio e Anfípolis.
Contradizendo outras opiniões, Platão conta que Sócrates viveu em extrema pobreza, testemunho esse confirmado por Xenofonte, segundo o qual a casa e todos os bens móveis de seu mestre estavam avaliados em cinco minas, vale dizer, em menos de 100 dólares hoje.
Apesar da situação modesta de sua família, Sócrates recebeu a educação liberal a que todo cidadão de Atenas era obrigado. Eram, principalmente, a ginástica e a musica, isto é , todos os exercícios que desenvolvem e fortificam o corpo e o espírito. A isso é necessário juntar a gramática, que era um prelúdio e uma condição prévia, e que, reunida aos dois outros, formava a educação completa e perfeita do jovem ateniense.
Sócrates manteve-se afastado da vida política. Toda a sua vida foi dedicada à filosofia, que considerava como sua vocação, como missão confiada pela divindade. Por outro lado, não teve um ensinamento regular. A sua atividade de mestre explica-se com o exame incessante de si mesmo e dos outros, exame que era dirigido a esclarecer os conceitos diretivos da vida humana: a virtude, a felicidade, a justiça, o bem. Restringia seu exame à vida moral. Não especulou sobre o universo físico nem se deteve a indagar a natureza do conhecimento humano. Seu interesse era o homem na sua conduta prática e nas suas relações com os outros, na vida social. Já os sofistas tinham chamado, com seus ensinamentos, a atenção da filosofia sobre o homem como tal. Porém, realmente só com Sócrates o homem é colocado no centro do filosofar.
Se não temos, sobre a primeira parte da vida de Sócrates, senão informação incompleta e incerta não ocorre o mesmo em relação aos pormenores que foram conservados a respeito de sua pessoa e que são não somente abundantes, mas parecem ter grau suficiente de valor histórico.
Sabe-se que conhecemos as doutrinas de Sócrates pelos testemunhos de Xenofonte, Platão e Aristóteles. A caricatura que Aristófanes fez-lhe em “Nuvens”, apresentando-o como filósofo naturalista e sofista, não tem valor histórico. Aristóteles reuniu, na figura mais popular de Atenas daquele tempo, caracteres que pertenciam a personagens reais diversos. É controvertida a questão do valor a dar-se, respectivamente, aos testemunhos de Xenofonte, Platão e Aristóteles. A apresentação de Xenofonte é muito mesquinha para justificar a enorme influência que exerceu Sócrates em todos os tempos. As indicações de Aristóteles são escassas e nada mais nos dizem daquilo que sabemos de Xenofonte e de Platão. Somente nos diálogos de Platão a personalidade de Sócrates vive em toda a sua plenitude. Platão também atribui a Sócrates doutrinas que realmente não lhe pertencem, mas moveu-se em toda a sua vida na atmosfera do filosofar socrático e quis, explicitamente, permanecer fiel ao mestre. Por isso, os testemunhos de Xenofonte e Aristóteles apenas podem servir a mitar, na complexa figura do Sócrates platônico, um núcleo das doutrinas pertencentes ao Sócrates histórico.
Aos 70 anos, foi Sócrates acusado por três cidadãos de Atenas, Melito, Anito e Lícon, de corromper a juventude, ensinando crenças contrárias à religião do Estado. Defendeu-se exaltando sua missão educativa e declarando nunca ter descurado no próprio interesse dos cidadãos atenienses. Foi reconhecido culpado, sendo condenado a beber cicuta. No intervalo entre a condenação e a execução (que foi retardada por festividades religiosa), seus amigos quiseram induzi-lo a fugir. Sócrates recusou. Em toda a sua vida havia ensinado a justiça e o respeito às leis; não quis, com sua fuga, desmentir esse ensinamento. Sua morte foi assim, o último testemunho e decisiva confirmação de sua filosofia: bebeu a cicuta em 399 a.C., em meio a um grupo de discípulos e amigos, depois de ter discorrido (se é verdadeiro o testemunho de Platão) sobre a imortalidade da alma e o destino do homem após a morte.
Segundo relatos de Xenofonte e Platão, com pequenas diferenças de colocação, a acusação conta Sócrates compõe-se de tres pontos, a saber:
1°)não reconhecer os deuses do Estado;
2°)introduzir inovações religiosas pelo culto de divindades não reconhecidas
3°)sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas.
Platão colocou em primeiro lugar o 3° ponto.
Conta-se que, tomado de arrependimento e remorso, o povo ateniense, em um impulso de cólera, massacrou, sem julgamento, todos os acusadores de Sócrates, segundo relato de Suidas, a pedradas .
SÓCRATES E SEU TEMPO
Julgamos que para adentrar com determinada segurança no universo socrático, faz-se necessário ter uma noção do contexto histórico e filosófico, o qual Sócrates estava inserido. E assim munidos de tal elucidação, podemos perceber e fazer o jus reconhecimento ao homem que se tornou o divisou de águas na História da Filosofia.
É sabido que o apogeu da Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade gregas; portanto, durante a Grécia clássica.
Os quatro grandes períodos da Filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e se enriquece,são: Período pré-socrático ou cosmológico; Período socrático ou antropológico;Período Sistemático;Período helenístico ou grego-romano.
Em virtude da finalidade do nosso trabalho nos limitaremos à maior explanação dos seguintes períodos:
- Período pré-socrático ou cosmológico
Uma das primeiras Escolas do Período pré-socráticos era a Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso.Esta Escola estava estabelecida nestas cidades porque nessa época, essas cidades jônicas da Ásia Menor estavam no apogeu da civilização ocidental. Nelas existiam homens que haviam superado as práticas mágicas que nunca desapareceram entre os camponeses. . O desenvolvimento da ciência jônica teve seu ápice com o atomismo de Demócrito, um contemporâneo de Sócrates e Platão.
Os cosmogônicos jônicos presumem (sem mesmo sentir a necessidade de declará-lo) que todo o Universo é natural e está potencialmente dentro do alcance do conhecimento como algo tão comum e racional quanto nosso conhecimento de que o fogo queima e a água afoga. O conceito de Natureza é ampliado para incorporar o que havia sido o domínio do sobrenatural. O sobrenatural concebido pela mitologia simplesmente desaparece, tudo o que realmente existe é natural. Portanto sabemos que o produto da razão pode ser tão perigosamente falso quanto o produto da imaginação produtora de mitos.
A filosofia socrática é uma reação contra essa inclinação materialista da ciência jônica!A filosofia pré-socrática começa com a descoberta da Natureza, a filosofia socrática começa coma a descoberta da alma humana.
O pensamento desses jônicos não foi capaz de satisfazer as expectativas de Sócrates.Sabe-se que as nossas autoridades confiáveis - Platão, Xenofonte, Aristóteles –concordam que Sócrates, depois de seu desencanto juvenil com relação aos métodos e resultados da investigação física, nunca discutiu questões referentes à origem.Será que os homens de ciência imaginavam entender as preocupações humanas tão bem que podiam se dar ao luxo de negligenciá-las em favor do estudo de coisas externas à esfera humana e além da capacidade humana de descobri a verdade?
Sócrates tinha toda razão ao afirmar que uma característica essencial dele é seu claro senso do que podemos e do que não podemos conhecer, bem como do perigo de aspirar a um conhecimento cujas bases nunca foram examinadas. A filosofia reserva-se o direito da perguntar ao cientista como ele chegou a seus conceitos e se estes são válidos.
A especulação física, pensava ele,podia ser transformada em uma explicação significativa e inteligível se os homens de ciência conseguissem olhar para outra direção e não considerar o mundo como o reino da necessidade mecânica, mas como um processo em direção a um fim que era bom e, portanto, objeto do planejamento racional.
- Período socrático ou antropológico
Num período de esplendor conhecido como o Século de Péricles Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia. Eis a época de maior florescimento da democracia, a qual possuía duas grandes característica para o futuro da Filosofia.
A democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. E a democracia sendo direta e não por eleição de representante, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim a figura política do cidadão.
Para que se conseguisse que a sua opinião fosse aceita nas assembléias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Deflagrando num mudança na educação grega.
Enquanto não existia a democracia, e dominavam as famílias aristocráticas, essas famílias se valiam dos dois grandes poetas gregos:Homero e Hesíodo. Criou-se um padrão de Educação que afirmava que o homem ideal era o guerreiro belo e bom.Belo pois seu corpo era formado pela ginástica e bom pois era formado escutando Homero e Hesíodo.
Quando,porém, a democracia se instala e o poder vai sendo retirado dos aristocratas, esse ideal educativo também vai sendo substituído por outro.
Ora,qual é o momento em que o cidadão mais parece e mais exerce a cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembléias. Assim a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.Portanto para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas,surgiram, na Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período socrático.
Os sofista (rivais contemporâneos de Sócrates) não constituíram uma escola, eram professores individuais dos mais variados tipos.Eles diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratória ou retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Quando no entanto temos consciência de que aqueles homens não podiam contribuir para a busca da verdade,pois eles achava que já a possuíam ou algo que funcionava como ela. Uma má interpretação uniu as atitudes de Sócrates com os sofistas, o que deflagrou no episódio de aos setenta anos, ele ter entre suas acusações: sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas.
CONHECE-TE A TI MESMO?
Indo consultar o oráculo de Delfos, Sócrates ouve a voz (interior) do dáimon (coisa sobrenatural que Sócrates acreditava que lhe dava sinais sobre as coisas que iriam acontecer), que lhe transmite a mensagem de Apolo: “Sócrates é o homem mais sábio entre os homens”. Espantado Sócrates procura os homens que julgava sábios consulta-os para que lhe digam o que é a sabedoria. Descobre, porém, que a sabedoria deles era nula. Compreende, então, o que o daímon lhe diz: “Agora já sabes por que és o mais sábio de todos os homens”. Sócrates compreende, enfim, que nenhum homem sabe verdadeiramente nada, mas o sábio é aquele que reconhece isso. O inicio da sabedoria é, pois, “sei que nada sei”.
Sócrates afirma, também, que o homem não pode saber senão uma coisa, que é, igualmente, a única que lhe interessa conhecer: ele próprio. Ora, para medir a extensão e fixar os limites de nosso poder de conhecer, evidentemente foi preciso instituir uma espécie de critica a razão. Foi assim que o homem pela primeira vez, o homem tomou a si próprio e com consciência por objeto do seu exame, por objeto do seu estudo, por matéria de ciência.
Sócrates fizera sua a sentença do oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”.Interpreto-a como um convite ao exame incessante de si mesmo, querendo promover nos outros a necessidade de tal exame.Enfim, o homem não se decide a esse exame até que não se reconheça ignorante. Para tal fim, serve-se da ironia, com ele Sócrates revela o caráter fictício do saber que seus interlocutores crêem possuir, mortiça a vaidade e os dispõe àquela humildade da qual somente pode nascer à procura da verdade.
Diferentemente dos sofistas, Sócrates não se apresenta como professor. Pergunta, não responde. Indaga, não ensina. Não faz preleções, mas introduz o diálogo como forma de busca da verdade. Esta foi à razão dele nunca ter escrito coisa alguma. Dizia que a escrita é muda e que sua mudez cristaliza idéias como verdades acabadas e indiscutíveis.
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Esse método consiste, essencialmente, em reduzir todas as nossas opiniões em proposições claras e,se não incontestáveis, pelo menos aproximadamente incontestadas, e compará-las a fatos tão nítidos e simples de modo que ninguém posso negar. É assim que poderemos-diz Sócrates- descobrir ou demonstrar a definição das coisas, a qual nos faz conhecer a verdadeira essência. Essa essência das coisas é uma idéia, um universal, conveniente a todos os objetos individuais que têm o mesmo nome, mas que não é separado nem separável.
A maiêutica é, na verdade, a arte da pesquisa associada. O homem, sozinho, não pode atingir a verdade; pode atingi-la somente com um dialogar contínuo com os outros e consigo mesmo. Nesse dialogar continuo com os outros e consigo mesmo. Nesse dialogar; chega à luz o seu verdadeiro eu e o eu dos outros, e determinam-se aqueles conceitos, aquelas verdades universais,nas quais todos os homens podem reconhecer-se e estar de acordo, e que, por isso mesmo, devem atingir para orientação de sua vida.
Aqui observamos mais fortemente a antítese de Sócrates com os sofistas, enquanto eles queriam persuadir a todo custo, conduzir por todos os meios os outros a dar sua razão, não se preocupando com a verdade nem com a justiça, mas somente com o sucesso. Sócrates não se preocupa com o sucesso e não ter opinião própria. Quer conduzir os outros à sinceridade consigo mesmos, para impregná-los na procura da verdade e da justiça, e, nessa procura, todos os homens são solitários em principio.
Também se disse que o homem, considerado pelos sofistas como a medida de todas as coisas, é o individuo sensível, enquanto o homem de que fala Sócrates e a que ele apela é o homem individual, o homem concretamente existente na individualidade de sua natureza e de seus interesses; mas, para ele, o individual vive somente na solidariedade com os outros, devendo dirigir-se à verdade universal e a uma justiça igual para todos que consentem em realizar aquela solidariedade.
CONCLUSÃO
Para Sócrates saber não significa ser virtuoso. O homem que não sabe o que é bem não pode praticá-lo; o homem que não se preocupa em saber o que é a justiça não pode ser justo. A moral de Sócrates não implica nenhum ceticismo, nenhuma renuncia ao aspecto propriamente humano, sensível da vida, que é o prazer, o qual não é uma satisfação animalesca da necessidade, mas aquilo que acompanha o livre exercício da procura teorética, aquilo que é conexo com o saber e com a virtude. A maior infelicidade para o homem consiste em cometer a injustiça, que mancha a alma e torna-a triste e doente.
Não obstante, Sócrates, se ele considera esta vida filosófica, que consiste não somente interrogar-se e confessar-se a si mesmo, mas em interrogar e confessar, por bem ou por mal, e publicamente, os outros, como um dever religioso, uma obrigação diante de Deus, eles desfrutam um prazer e aí encontram uma felicidade que não se camufla. Sócrates obedece sem dúvida, aos deuses que lhe ordenam, mas sem o constante estudo do homem moral, sobretudo, a vida lhe pareceria bem miserável:não existe senão uma vida desejável, a vida do espírito, pois uma verdadeira felicidade é o esforço ativo da alma na pesquisa, e tanto que ela possa, na posse da verdade.
por: Rafaela Barreto
BIBLIOGRAFIA
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CONFORD, francis Macdonald. São Paulo: Martins Fontes.
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CHAUÍ,Marilena.Ática
Humanismo e Anti- Humanismo/1994
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NOGARE, Pedro Dalle. Ed. Vozes 13ª Ed.
Sócrates, O Feiticeiro /2006
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GRIMALDI, Nicolas Ed. Loyola
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