Resenha: Show Redescobrir Maria Rita

Show Redescobrir em Aracaju

Mal pude conter a ansiedade desde que soube que o show Redescobrir passaria por Aracaju, longo tratei de me programar para prestigiar o evento histórico, e um dos mais marcantes da minha geração na MPB. Enfrentei a tristeza por ele ser adiado, e a espera de 1 h e 20 min pelo começo do evento. 

Porém, foi só Maria Rita adentrar ao palco com toda a força e expressão cantando “ Imagem”, que todas as contrariedades desapareceram, e a certeza que aquela noite faria valer a pena todas elas veio a tona. 

Há anos que acompanho o trabalho da Maria, conhecendo todas as suas músicas e assistindo a dvds, porém ela soube me surpreender . Naquele palco seu talento tomou cor e relevo, interpretando as canções em tributo a pimentinha Elis Regina, mas de uma maneira bem pessoal que me cativou durante aquelas horas, fazendo valer a promessa dela de que daria tudo de si no palco... 

Show totalmente contextualizado, onde no decorrer de mais de 26 músicas Maria Rita soube povoá-las de episódios e parcerias de sua mãe, parcerias como: Cauby Peixoto, Tom Jobim, Chico Buarque, Rita Lee e outros. Milton Nascimento também foi lembrando com muito carinho e estima, e suas músicas também
cantadas com bastante paixão. Fui pensando que entraria em estado de apoteose com a música “Deitar e Rolar”, mas também a emoção tomou conta de mim com a intepretação de “Essa Mulher” e de em seguida “Se eu quiser falar com Deus”. Senti falta de muitas outras canções, mas tenho plena ciencia da dificuldade que é escolher aquelas canções diante do vasto e rico repertório de Elis, que tanto conta da nossa história... 

Ao bradar a música Redescobrir, tive a sensação de que num dèja vu voltei ao ano de 1980 presenciando Elis cantando essa canção no Caneção, época em que sequer havia nascido. E pude sim redescobrir Elis, redescobrir Maria Rita, redescobrir os momentos que não vivi nos shows de muitos de meus ídolos, e que sempre sinto a minha vida tão pouca sem tudo aquilo. Mas pude senti um pouco aquela emoção com a força da voz de Maria Rita, em Aracaju, naquela noite de 11 de outubro de 2012. Sair de lá com as mãos vermelhas e doloridas das palmas efusivas, a voz rouca, a alegria estampada e a certeza que ali voltaria , se tal e utópica oportunidade fosse oferecida...

Rafaela Barreto