Edith Piaf e Maysa Matarazzo: Duas vozes...uma canção

Duas mulheres de personalidade extremamente forte, mas que no entanto encontramos curiosas semelhanças entres elas, características parecidas, embora cada uma tenha vivido ao seu modo. Ambas tornaram-se ícones da música, usaram-na para desabafar suas queixas e declaram seus amores, a força das suas vozes dava o tom de um canto dilacerante. Viveram com intensidade a vida e suas paixões, usaram a Arte para derrubar barreiras sociais, e nem sequer deram ouvidos a hipócritas, machistas ou conservadores.
Maysa Matarazzo e Edith Piaf

Edith Piaf e Maysa Matarazzo, visualmente tinham como marca registrada os seus grandes e expressivos olhos, seus modos de encarar a platéia, acompanhado de caras e bocas, a posição das mãos ao cantar, numa postura de um alto nível de interpretação. Grandes poetas contemporâneos delas traduziram a magnitude de suas presenças nos palcos. Tratam-se de Manuel Bandeira e Jean Cocteau.



[...] "os olhos de Maysa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos..."
[...] "boca de Maysa é isto isso e aquilo
Quem fala mais em Maysa a boca ou os olhos?
Os olhos e a boca de Maysa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maysa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão
A boca de Maysa escanteia e os olhos de Maysa ficam sérios
meu Deus como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser amarga!
Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil inefável)”
(Fragmento de Manuel Bandeira em “Estrela da Vida Inteira”, 3ª edição, Livraria José Olympio Editora, 1973)

“[...] a magia está feita. Édith Piaf, como o rouxinol invisível pousado no galho, vai também tornar-se invisível. Dela só restarão o olhar, as mãos pálidas, a testa de cera que concentra a luz, e a voz que infla, sobe, sobe, pouco apouco a substitui e, crescendo como sua sombra na parede, toma gloriosamente o lugar da menina tímida.. Nesse minuto, o gênio que é a|Sra. Édith Piaf torna-se visível, e todos o constatam. Ela se supera. Supera suas canções, supera a música e a letra. Ela nos supera. A alma da rua penetra em todos os quartos da cidade. Já não é a sra. Édith Piaf que canta: é a chuva que cai, é o vento que sopra, é o luar que estende seu manto." (Fragmento de Jean Cocteau , em Piaf o Baile do Acaso)

Como Piaf, Maysa também fez sucesso logo no primeiro álbum. Piaf no lançando no ano de 1936 “Les Mômes de la Cloche” e Maysa com o álbum “Convite para ouvir Maysa”. Ambas tiveram seus talento percebidos por pessoas que depois tornaram-se seus produtores: Louis Leplée no caso de Piaf e Roberto Côrte-Real para Maysa.

Mesmo Maysa tenha nascido rica era de um espírito tão carente quanto Piaf. Seus pais eram ausentes e tinham vidas boêmias, sabe-se que Maysa passou três dias sem ir a escola, visto que não encontrava seus pais para assinar a advertência que recebera. Sendo mães muito cedo, elas também reproduziram atitudes que reprovadas em seus pais. Como sua mãe, Edith também encontrava dificuldades no cuidado de sua única filha, deixando-a para trás enquanto vivia cantando nas ruas. Embora Maysa tenha péssimas recordações de Internatos, direcionou seu único filho o mesmo destino.
Maysa e Miguel Azanza
O que se dirá dos amores? Adianto que foram muitos para duas, é claro. Apaixonavam-se impetuosamente por pessoas diferente de tempos em tempos. Maysa ao disquita-se do marido André Matarazzo teve relacionamentos amorosos como Ronaldo Bôscoli (que na época era noivo de Nara Leão e acabou traido-a com Maysa), também podemos citar o ator Carlos Aberto, o maestroJulio Medaglia entre outros... Maysa num período de um show pela Europa apaixonou-se por Miguel Azanza enquanto se hospedava em na casa deste, a pedido de sua mulher Ana Gabriela, a qual também pretendia dar uma festa para todos pudessem conhecer o talento de Maysa, até que na magrugada que atencedia festa Ana Gabriela foi supreendida pela traição do marido com Maysa. Sem tempo para suspender a festa, então diante de todos os convidados, Miguel Azanza declarou que havia acabado o casamento com Ana Gabriela e que se casaria com Maysa...

Edith e Marcel Cerdan
Edith no que se diz respeito aos seus amores, podemos citar Raymond Asso, Theo Sarapo, Jacques Pills entre outros... Edith também teve um tórrido romance por um homem casado chamava-se Marcel Cerdan.Marcel teve um triste fim,morreu em acidente de avião num vôo Paris-Nova York, onde iria ao encontro de Piaf, a qual insistiu em vê-lo o mais rápido, fazendo-o hesitar em ir de naivo e optar pelo avião que fatalmente caiu! A música “Hymne à l’amour” que foi composta por Piaf e Marguerite Monnot feita pra Marcel, foi cantada em memória dele, a música tem os seguintes versos que soam até ironicamente: Quando enfim a vida terminar. E dos sonhos nada mais restar. Num milagre supremo Deus fará no céu eu te encontrar.

Piaf um Verdadeiro Hino ao Amor
"Hymne à l’amour" teve uma versão em português “Hino ao Amor” também cantanda por Maysa em memória do seu ex-marido André Matarazzo, quando esta soube de sua morte, por ter sido vítima de um infarte fulminante. Piaf arrumava um novo amor a cerca de cada 6 meses, sendo uma paixão maior que a outra, escrevia a eles cartas na quais ela deletava até suas fantasias sexuais, jurando largar seus vícios por conta de uma grande paixão. Maysa não era diferente, visto que ela já declarou que deixaria a bebida quando encontrasse o amor.

Maysa e a vida boêmia
Eis outro ponto de convergência a vida boêmia e desregrada que levavam com suas instabilidades emocionais. Ambas passavam mal nas apresentações. Maysa benzia-se para subir aos palcos pra cantar, Piaf tinha sempre a cruz pendurada no pescoço. Maysa também se identificava com o espírito parisiense, quando esteve em Paris perambulava pelos bares e cafés, caminhava a esmo, domindo até em bancos de praças e parques da cidade, quis conhecer o submundo boêmio das ruas de Paris, e brindava com os bêbedos da Cidade das Luzes dizendo: “A vós que compreendeis o absurdo da vida”.

Assim foram Piaf e Maysa, temerosas quanto a solidão, e tinham a bebida como bengala para o velhinho que morava em sua personalidade, como afirmou Maysa um dia. Tendo vivido as duas menos de 50 anos, como a sensação que encarariam a vida com a mesma postura, se mais oportunidade lhes fossem oferecidas. E acima de tudo dotadas do sentimento de que Não se Arrependem de Nada.

Texto por: Rafaela Barreto
Fotos por: Bruno de Almeida










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