Júlio Verne a Vinte Mil Léguas da Modernidade

Júlio Verne, o pai da ficção científica, exatamente no período vitoriano pós-Revolução Industrial, num contexto muito distante das possibilidades acenadas pela alta tecnologia de hoje. Previu, além de muitos outros inventos: a televisão; o helicóptero; o cinema falado; a iluminação a néon; o ar condicionado; os arranha-céus; os mísseis teleguiados; os tanques de guerra; os veículos anfíbios; o avião; a caça submarina; o aproveitamento da luz e da água do mar para gerar energia; o uso de gases como armas químicas...

O autor dessas histórias visionárias, entregava-se a leitura de outros autores como: o norte-americano Edgar Allan Poe, Fenimore Cooper, Daniel Defoe, Rudolph Wyss, Walter Scott, Alexandre Dumas, entre outros, além de revistas como Le Tour du Monde-Nouveau Journal de Voyages.

Júlio Verne, nascido em Nantes na França, fez apenas curtas viagens no sei Iate Saint-Michel, uma viagem de navio aos Estados Unidos e rápidas visitas à Inglaterra, à Escócia e a outras localidades; suas viagens longas e profundas eram na sua imaginação com ela Verne percorreu da África ao Pólo Norte, do centro da Terra ao Espaço Sideral.
Dentre sua bagagem de cerca de 80 livros. O livro Da Terra à Lua, de 1865. Escrito aproximadamente cem anos antes da viagem à Lua realmente acontecer.
Gravura da primeira versão do livro "Da Terra à Lua"
que mostra o homem vendo o nascer da Terra na Lua.
Verne delata espantosas coincidências. Podemos citar algumas similaridades e aproximações incríveis, como: Os seus módulos de passageiros eram lançados por um canhão que seria capaz de dar uma velocidade suficiente para vencer a gravidade. Uma ideia que inclusive foi tentada pela NASA para lançar satélites em órbita da Terra.

Além disso, Verne descreveu com surpreendente precisão, o que havia de ocorrer em 1969, quando uma nave norte-americana, Apollo 11, alcançaria o solo lunar levando três astronautas. “Esse sítio está situado a 300 toesas sobre o nível do mar e 27º27’ de latitude norte e 5º e 7’ de longitude oeste, me parece que pela sua natureza árida e rochosa apresenta todas as condições que o experimento exige... Desde aqui lançado deste cabo, nosso projétil voará pelos espaços do mundo solar...” Desta forma, Verne localizou o ponto de lançamento no Estado da Florida (EUA). Essas medidas convertidas ao sistema métrico e decimal revelam com grande precisão o Cabo Canaveral, a base espacial de onde o astronauta Armstrong e seus companheiros foram lançados em direção à Lua.

Na 2ª obra, Ao redor da Lua, o escritor antecede aquilo que seria a Apollo 8, uma cápsula/satélite à volta da Lua. Até mesmo o regresso à Terra, com o pouso no Pacífico e o resgate por um navio, é igual.

Confira os vídeos abaixo o primeiro trata-se do homem chegando à Lua e o segundo é o primeiro filme de ficção cientifica inspirado na obra de Verne “Da Terra à Lua”.
Video 1: homem chegando à Lua

 Video 2: primeiro filme de ficção cientifica inspirado na obra de Verne “Da Terra à Lua”

Diante de tantas coincidências o que sabemos é que Verne não escrevia tudo por especulação. Ele tinha longos diálogos com cientistas da época entre eles Felix Nadar ,além de ler a já citada revista Le Tour Du Monde-Nouveau Journal de Voyages, ele fez um grande número de pesquisas, leu todo o tipo de revistas científicas e geográficas da época e acumulou centenas de apontamentos O resultado de tudo isso foi um belíssimo balé da Ficção com a realidade, aventura e princípios científicos. Com o conhecimento da época, Verne conseguiu ser um farol para que enxergassem algo que muitos julgavam improvável.

O que podemos dizer ainda do pai da ficção cientifica foi que, sem dúvidas, ele inspirou e ainda inspira uma grande plêiade de cientistas, inclusive os idealizadores da Nasa beberam na fonte de imaginação que é Verne.
Inspiração que culminou nos foguetes da atualidade
Para que se tenha uma idéia. É sabido que primeiro cientista a compreender a utilidade dos foguetes na Astronáutica e a estudar as bases teóricas de sua utilização, o cientista russo Konstantin Edwardovitch Tsiolkovski (1857-1935) que assim escreveu sobre Júlio Verne: "Durante muito tempo pensei no foguete como todo mundo, considerando-o apenas um meio de diversão, com algumas aplicações pouco importantes na vida corrente. Não me lembro exatamente quando me veio a idéia de fazer os cálculos dos seus movimentos. Provavelmente, os primeiros germes dessa idéia foram fornecidos pelo fantástico Julio Verne e, em conseqüência deste grande autor, meu pensamento orientou-se nesta direção, estimulando o desejo que, mais tarde, impulsionou o espírito do meu trabalho".

Tsiolkovski não foi o único a sofrer as influências do escritor francês; o engenheiro norte-americano Robert Hutchings Goddard (1882-1945), pai da moderna tecnologia dos foguetes, em um ensaio autobiográfico escrito em 1927 e publicado em 1959 na revista Astronautics, reconheceu a influência das obras de ciência-ficção, tais como o clássico de De la Terre à la Lune de Julio Verne, com as seguintes palavras: "Eles afetaram maravilhosamente a minha imaginação, incitando-me a pensar sobre os caminhos e meios possíveis à realização dessas maravilhas".

Outro pioneiro que teve o seu interesse pela astronáutica estimulado pelos grandes romancistas da ciência-ficção do século XIX, em especial por Julio Verne, foi o terceiro grande responsável pelas idéias fundamentais da ciência espacial, o engenheiro alemão Hermann Oberth (1894-1989). Ainda menino, aos onze anos leu Da terra à Lua e Ao redor da Lua, de Júlio Verne, cujas idéias muito o fascinaram, estimulando seu raciocínio em onze anos quando recebi de presente de minha mãe os célebres livros de Julio Verne, que já li ao menos cinco ou seis vezes, até os saber de memória".

Valentin Petrovitch-Glushko (1908-1989), um dos engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento do maior foguete da atualidade, o Energia, Nos últimos anos da escola, o jovem Glushko começou a estudar astronomia, realizando suas próprias observações de Vênus, Júpiter e Marte. Confessou mais tarde, "quando estudava na direção às questões sobre viagens espaciais. Assim escreveu Oberth em sua autobiografia: "Tinha escola técnica, li os livros de Júlio Verne, Da Terra à Lua e Ao redor da Lua, que definiram o interesse toda minha vida".

Testemunhos sobre a inspiração exercida por Julio Verne, para a vocação de cientistas e professores de ciência, não têm fim. Eu, inclusive senti meus primeiros deslumbramentos pela Física debruçada aos livros de Verne...
Por trás dum livro de Julio Verne pode está o cientista de amanhã
Júlio Verne é atual. Ainda provoca fascino independente da faixa etária de seus leitores e é atemporal, e se encontra ainda a frente do nosso tempo. Ainda temos que alcançar muitas de sua idéia inclusive em viagem até mais difícil que a viagem à Lua, trata-se da Viagem ao Centro da Terra.

Verne morre em Amiens, França, no ano de 1905. Justamente um ano crucial para a história da ciência, onde a Física Moderna anuncia os primeiros passos para o que hoje conhecemos de mundo contemporâneo. Dando-nos a entender que os próprios cientistas, no instante que a pena de Verne cessa de delatar as histórias maravilhosas, resolvem tornar realidade o que Verne sonhou... Confirmando a frase de Júlio Verne que diz: “Tudo que um homem pode imaginar outros homens podem realizar.”
Túmulo de Verne, figura o escritor, 
de torso nu e com a mortalha pelas costas, se erguendo
a pesada laje tumular com braço estendido para o alto,
os olhos postos no porvir.
Texto por: Rafaela Barreto
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3 comentários:

  1. Com a postagem ficou claro que Júliu Verne profetizou em tua literatura com rica descrição a revolução tecnologica do final da década de 90.

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  2. Recomendo a visitar o espaço www.jvernept.blogspot.com e participar com o seu texto. Cumprimentos.

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    1. Grata pelo reconhecimento, já entrei em contato com a equipe do vosso blog.
      Att., Rafaela Barreto

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