Subvertendo o conceito de heavy metal

Desde seu desenvolvimento na década de 70, que o heavy metal ou simplesmente metal, nunca deixará de ser ao passo que formador de opinião, gerador de polêmica e afronta tanto por parte da sociedade alienada quanto de "especialistas" em música. Não é raro constatarmos que o conceito destes sobre o gênero contempla um discurso assaz negativo, principalmente no que diz respeito à temática das músicas e ao visual um tanto excêntrico explorado pelas bandas nos shows e difundido no dia-a-dia pelos "headbangers". Headbanger (também metalhead) é uma expressão norte-americana usada para designar um fã do heavy metal, o termo foi inicialmente enfatizado pela banda de punk rock Ramones, em uma canção chamada Suzy Is A Headbanger, lançada no álbum Leave Home de 1977. Vale ressaltar que o visual fetichista composto por trajes de couro ou jeans com "patches" e outros adereços de prata (spykes e correntes) fora idealizado Rob Halford, da banda de heavy metal Judas Priest, sendo que até então o “estilo metaleiro” assemelhava-se ao hippie. Apesar disso, Judas Priest não foi a pioneira do heavy metal e do hard rock moderno.

Judas Priest - 1974 - visual hippie
Judas Priest - 1978 - visual metalhead








Led Zeppelin
Alguns críticos e produtores musicais afirmam que tudo começou com o primeiro álbum homônimo do Led Zeppelin em 1969. Esse álbum resultava de uma combinação entre o blues, o rock e influências orientais com amplificações distorcidas, o que o levou a tornar-se um dos pivôs do surgimento do heavy metal, embora Plant (vocalista) tenha declarado injusta a taxação do grupo como heavy metal, já que aproximadamente um terço de sua música era acústica. No final dos anos 60 e início dos anos 70 a palavra heavy metal tinha uma conotação pejorativa, o que fez com que os artistas rotulados como heavy metal preferissem outros nomes como heavy rock, ou simplesmente rock and roll. Outra banda primordial ao desenvolvimento do gênero foi Black Sabbath com os riffs lentos e pesados em escala tritônica elaboradores por Tommy Iommi e que servem de modelo para muitas bandas da atualidade. Ademais, podemos citar a contribuição do Deep Purple com seus solos vigorosos e riffs simples e fortes de Ritchie Blackmore, além da bateria frenética de Ian Paice, com certeza deixaram sua marca na história do rock mundial.
Deep Purple

Black Sabbath
1980 - Passeata contra o rock
Já nos anos 80, quando o heavy metal se tornou a música mais popular do mundo, arrebatando a Música Pop/Disco Music e o Punk Rock, com uma legião de fãs, a esposa do vice-presidente dos EUA com o apoio de grupos religiosos, liderou um movimento “anti-metalheads”, com o pressuposto de que gênero era uma ameaça aos valores morais da época, visto que além de fazer apologia ao satanismo e o culto a religiões pagãs, suas letras, segundo os mais conservadores, incitavam os jovens ao suicídio, homicídio e ao sexo. Nos anos 80 vários artistas foram processados subjugados como ameaças a ordem e integridade pública, a música “We’re Not Gonna Take It” da banda Twisted Sister, por exemplo, fora posta numa lista chamada: os “15 Obscenos” junto com mais oito bandas de metal classificada pelo Centro de Recursos Musicais dos EUA como ofensiva, Dee Snider fora convocado a testemunhar ante o Congresso, para defender sua musica. Nesta mesma época vários discos foram queimados rentes às casas de espetáculos por pais revoltosos, tementes quanto ao futuro dos seus filhos, ou seja, os metalheads eram a escória da sociedade concernete.
Dee Snider depondo no Congresso

Muitos dos que estereotipam os metalheads e censuram o metal, ignoram o fato de que bandas/artistas mais tradicionais como Alice Cooper, King Diamond, Iron Maiden, dentre outras, exploram frequentemente de forma teatral o enredo pertinente às letras: quando não contratam atores profissionais, os próprios músicos, o que é mais comum, incorporam personagens e incrementam suas performances musicais através de recursos cinematográficos como efeitos especiais e pirotécnicos, além de introduzir orquestrações em seus arranjos ou até tocando ao lado de orquestra completa, como foi o caso do Metallica em 1999, quando a banda de thrash metal apresentou-se ao vivo com a Orquestra Sinfônica de São Francisco, outras bandas de renome mundial já fizeram o mesmo como o Kiss e o Scorpions.
Alice Cooper ao vivo

Scorpions com Orquestra Filarmônica
A maior evidencia do “classicismo do metal” esta no subgênero Neo-classical metal, que apresenta um desempenho muito técnico e composto por elementos oriundos da música clássica e do heavy metal. Yngwie Malmsteen, o músico mais notável no subgênero, contribuiu grandemente para o desenvolvimento do estilo na década de 1980. Também dois dos instrumentistas mais notáveis ​​nesse gênero são Jason Becker & Shawn Lane.

Yngwie Malmsteen
Por outro lado, o Neo-classical metal não se restringe a um retorno aos ideais estéticos clássicos, tais como equilíbrio e formalismo. Suas influências incluem tanto o período romântico quanto o período musical do barroco da metade do século XVII ao inicio do século XVIII. A música deste período foi muitas vezes altamente ornamentada por compositores barrocos como Vivaldi, Handel e Bach. Músicos de Neo-classical metal, como Yngwie J. Malmsteen são inspirados por este aspecto da música barroca e também por compositores posteriores como o virtuoso violinista Niccolò Paganini em usar “corre” e outras técnicas decorativas e vistosas em suas performances.

A década de 1980 viu o nascimento e a ascensão do Neo-classical metal como um subgênero distinto, embora influências clássicas pudessem ser ouvidas nas composições e improvisações de músicos de destaque desde os primórdios do heavy metal ao longo de sua evolução. No início, influências clássicas dentro do hard rock e heavy metal são mais notadamente encontrados nos arranjos de Ritchie Blackmore, Uli Jon Roth e Randy Rhoads. O estilo existia principalmente com guitarristas, mas também esteve presente na obra de outros instrumentistas, como Rick Wakeman tecladista da banda Sim.

Quanto à temática das músicas, estas abordam de “amor” (Aerosmith), até “batalhas épicas” (Manowar) ou ambas as coisas, entretanto com enfoque lírico e expressivo diferenciado dos demais gêneros que tendem contragosto a agradar as massas e a mídia, para se manter a venda no mercado fonográfico. No parágrafo seguinte caracterizarei de forma sucinta alguns subgêneros do heavy metal nesse aspecto particular.
Manowar
Aerosmith

Immortal
Black metal: O tema mais comum e fundador lírico é oposição ao cristianismo e outras religiões organizadas. Como parte disso, muitos artistas escrevem letras que podiam ser vistas a promover o ateísmo, antiteísmo, paganismo e satanismo. A hostilidade de muitos artistas pagãos do black metal é de alguma forma ligada à cristianização secular dos seus países. Outros temas freqüentemente explorados são a depressão, o niilismo, misantropia, morte e outros temas obscuros. No entanto, ao longo do tempo, muitos artistas de black metal começaram a se concentrar mais em temas como as estações do ano (principalmente no inverno), a natureza, a mitologia, folclore, filosofia e fantasia.
Morbid Angel
Death metal: Os temas das letras de death metal podem invocar a filmes de terror – violência estilizada, mas pode também estender-se a temas como satanismo, anti-religião, ocultismo, misticismo, filosofia e política. Embora a violência possa ser explorada em vários outros gêneros, bem como, death metal pode elaborar sobre os detalhes de atos extremos, incluindo a mutilação, a dissecção, tortura, estupro e necrofilia. O sociólogo Keith Kahn-Harris comentou que esta aparente glamorização da violência pode ser atribuída a uma "fascinação" com o corpo humano que todas as pessoas compartilham, em certa medida, um fascínio que mistura desejo e repulsa. Gavin Baddeley, pesquisador do heavy metal, também afirmou que parece haver uma conexão entre "como se familiarizar com sua própria mortalidade" e "o quanto eles anseiam imagens de morte e violência" através da mídia. Além disso, artistas que contribuem para o gênero, muitas vezes defendem death metal como pouco mais que uma forma extrema de arte e entretenimento, semelhante a filmes de terror na indústria cinematográfica.
Solitude Aeternus
Doom metal: as letras no doom metal desempenham um papel fundamental. Muitas vezes, elas são pessimistas e incluem temas como: sofrimento, depressão, medo, tristeza, medo, morte e raiva. Enquanto algumas bandas escrevem letras de forma introspectiva e pessoal, outros transmitem seus temas utilizando simbolismo - que podem ser inspirados pela literatura. Algumas bandas de doom metal usam temas religiosos em suas músicas, talvez mais do que outras bandas de heavy metal. Trouble, um dos pioneiros do gênero, foram um dos primeiros a incorporar figuras cristãs. Outros têm introduzido elementos do ocultismo e paganismo a suas letras. Para muitas bandas, o uso de temas religiosos é para fins estéticos e simbólicos apenas. Os exemplos incluem letras/imagens sobre o Juízo Final para invocar medo, ou o uso de crucifixos e em forma de pedras tumulares para simbolizar a morte. Além disso, algumas bandas tendem a escrever sobre drogas ou vício em drogas. Isto é mais comum entre as bandas stoner doom, que muitas vezes descrevem alucinógenos ou psicodélicos experiências.
Eluveitie
Folk metal: Temas populares no folk metal incluem o paganismo, natureza, fantasia, mitologia e história. Para Ville Sorvali do Moonsorrow, o rótulo "metal pagão" é preferível "porque que descreve os pontos ideológicos da música, mas não diz nada sobre a música em si." Em contraste com bandas com temas pagãos, algumas bandas de folk metal, como Orphaned Land têm temas da religião abraâmica. A natureza é uma forte influência para muitas bandas de folk metal. Grupos como Korpiklaani e Elvenking, têm todas as letras com base no assunto. Os pioneiros do gênero Skyclad usam de letras fantasiosas: porque "o mundo precisa de fantasia, é o que pregam nossos políticos todos os dias." disse o líder da banda. Para a banda Elvenking, temas de fantasia são usados "como uma metáfora para cobrir significados mais profundos." Da mesma forma, os temas de fantasia em Turisas desmentem a cobertura das questões "que são mais profundas e têm maior importância”. O subgênero de metal celta é caracterizado por letras com base na mitologia celta. A história celta é fonte de inspiração para as letras das bandas de metal como o Celtic Cruachan, Eluveitie, mitologia nórdica pode ser encontrado nas letras destas bandas escandinavas como Falkenbach, Týr, Skyforger é conhecido por suas letras baseadas em história e mitologia de sua cultura letã. Outras bandas que têm tratado a história para a canção incluem Falconer e Slechtvalk. A precursora Skyclad também era conhecido por lidar com assuntos políticos sérios, mas através de letras que eram cheias de trocadilhos e humor. Outras bandas continuaram a característica letras divertidas e bem-humorado. Isto inclui Finntroll com a sua obsessão em trolls. As letras de Korpiklaani também, “focados num bom tempo, de bebidas e festas”.
Glam metal: A temática das canções era por vezes romântica, e muitas vezes enalteciam o hedonismo e o excesso relativamente a sexo e mulheres, dinheiro, drogas e fama.
Cinderella
Symphonic metal: As músicas são muitas vezes altamente atmosféricas, embora mais otimista do que os dos demais subgêneros do metal, até mesmo em músicas com temas mórbidos. Para criar o clima e a atmosfera particular do gênero faz-se muito uso de teclados em tons graves. As letras podem cobrir uma ampla gama de tópicos. Tal como acontece com as duas influências de outra forma mais disseminada do symphonic metal, power metal e operatic, fantasia e temas mitológicos são comuns. Em álbuns conceituais ópera ou poemas épicos não são incomuns.
Haggard
Thrash metal: Temas líricos no Thrash incluem o isolamento, a alienação, a corrupção, a injustiça, vício, suicídio, assassinatos, guerras e outros males que afligem o indivíduo e a sociedade. Além disso, a política, particularmente o pessimismo ou insatisfação em relação à política, é um tema comum entre as bandas de thrash metal. Humor e ironia ocasionalmente podem ser encontrados, mas eles são limitados, e é uma exceção a regra.
Slayer
Mortification
Christian metal: não é um estilo solitário de música, mas sim um termo ideológico que compreende quase todo subgênero do heavy metal. Os músicos dentro de bandas de metal cristão normalmente baseiam suas letras sobre tradições judaico-cristãs. A abordagem lírica de bandas de metal cristão é um pouco variada, como alguns enfatizam os aspectos positivos dos assuntos da fé, enquanto outros repetem os ensinamentos de Cristo. Algumas bandas manter sua mensagem escondida em metáforas. Apenas uma minoria toma uma atitude agressiva para com aqueles que falam contra o cristianismo, “pregando no estilo do Antigo Testamento, que a ira extrema de Deus cobrirá de fogo e enxofre aqueles que não o temem". Referências à escatologia e temas apocalípticos, particularmente a guerra em curso espiritual entre o bem e o mal, bem como o Juízo Final e queda da graça são típicos. O estilo lírico varia dependendo da cultura, denominação, e do país. Por exemplo, no Norte da Europa as bandas com os membros Luteranos geralmente preferem uma abordagem pessoal lírico, que raramente é a intenção de "converter" de forma agressiva, uma vez que a evangelização tem sido mais comum entre as bandas americanas. Bandas cristãs nunca negam a sua convicção, mas normalmente evitam pregação, e às vezes o assunto é deixado inexpresivo, deixando a religião como um assunto privado do ouvinte. Certas bandas escolhem lhe lidar com todas as experiências de vida dia a partir de uma perspectiva cristã, a fim de chamar a ambos os ouvintes cristãos e não cristãos. Nesses casos, a identificação de uma "banda cristã" pode ser difícil.
Power metal: Temas líricos de power metal, apesar de tão variados como no metal em si, muitas vezes se concentram na fantasia e mitologia, camaradagem e esperança, as lutas pessoais e emoções, a guerra e a morte, ou combinações dos temas listados. Muitos temas de metal de outra forma típicos como religião e política são comparativamente raros, mas não inédito.
Rhapsody of Fire
O heavy metal está longe de poder ser citado como movimento de contracultura, haja vista que a expressão da arte dentro do metal se dá na maioria das vezes fundamentada em fontes literárias fantásticas, artísticas, filosóficas e históricas agraciadas pela classe de estudiosos e intelectuais, o que enobrece mais ainda o conteúdo das letras, a ponto de não ser susceptível à compreensão de todos os ouvintes. Já que neste artigo eu não quero me ater a historização e descrição do heavy metal, o que estará em debate no seguinte parágrafo será a relação que muitas bandas de metal têm com a literatura e a história, como uma forma de explicitar a relevância, abrangência e imponência do gênero, principalmente quando comparado ao tipo de música que impera na radio e TV, veículos audiovisuais que prostituem toda forma de entretenimento e cultura em prol de maior receptividade e consequente audiência.

A banda de heavy metal Iron Maiden, por exemplo, apresenta letras baseadas na literatura inglesa e em fatos históricos, principalmente por Steve Harris ser um estudioso de história, principalmente egípcia, e o vocalista Bruce Dickinson ser formado no curso de história. Quanto a influências da literatura fantástica em sua música cito: Edgar Allan Poe na música Murders in the Rue Morgue sobre o conto Assassinatos na Rua Morgue, Frank Herbert na música To Tame a Land que fala sobre o épico Os Filhos de Duna, Lord of the Flies do clássico Senhor das Moscas do autor William Golding só para citar alguns dos clássicos, Brave New World que faz música do clássico Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, Sanctuary que faz referência ao livro O Processo de Franz Kafka e o clássico poema de Samuel Taylor Coleridge, A Balada do Velho Marinheiro, é explorado na música Rime of the Ancient Mariner.

Blind Guardian utiliza-se da literatura de Tolkien para estruturar suas músicas. Gandalf’s Rebirth, Lord of the Rings, entre outras, são apenas as mais famosas em relação ao mestre da literatura de fantasia inglesa. O ponto alto da banda em relação ao autor é o CD Nightfall in the Middle-Earth (1998) baseado totalmente no livro O Silmarillion, espécie de Bíblia da Terra-Média que narra nascimento e paixão dos primeiros habitantes de um mundo criado por Tolkien. Além de JRR Tolkien, o Blind Guardian coloca em suas músicas referências a outros temas como Rei Artur (Mordred’s Song), Ilíada (… And Then There Was Silence), ou mesmo vários personagens misturados como Peter Pan, Frodo e outros (Imaginatios from the Other Side). Outro autor utilizado na música desse conjunto é Stephen King, que é homegeado com uma música baseada na saga A Torre Negra (Somewhere far Beyond), que por sinal é o tema princial no último disco do projeto paralelo do vocalista do Blind Guardian, Hansi Kürsh: Demons & Wizards, em parceria com o guitarrista do Iced Earth, John Schaffer. No disco Touched by the Crimson King (2005), além da saga mencionada são observados temas como Dorian, abordando a obra de Oscar Wilde, Beneath the Waves, musicando Moby Dick e Love’s Tragedy Asunder, sobre Romeu e Julieta.

O Children of Bodom já utilizou a história de Chapeuzinho Vermelho para fazer uma espécie de paródia (Lil’ Bloodred Ridin’ Hood). O Rage, no último disco Carved in Stone (2008) se utilizou o já mencionado O Senhor das Moscas. O Metallica já citou HP Lovecraf, com a instrumental Call of Chtulu, assim como o criticado Cradle of Filth e sua Chtulu Dawn. As letras de Dani Filth, líder do Cradle of Filth se destacam por serem muito bem escritas, com certo apelo poético. E isso não é nada estranho ao sabermos que ele, em sua juventude, leu e estudou obras de escritores e filósofos como Nietzsche, Shelley, Baudelaire, De Sade e Byron. Já a banda de Symphonic Metal Therion conta com Thomas Karlsson um erudito em história, religião, mitologia, runosofia e filosofia, como principal compositor. O álbum, por exemplo, Secret of the Runes é baseado na mitologia nórdica. Os nove mundos que compõem o Yggdrasil da mitologia, foram citados ao longo de nove faixas, além da simbologia ocultista das tradições nórdicas. A base musical desta obra é o clássico compositor alemão Richard Wagner, que também citava a mitologia dos povos saxões em suas músicas, como por exemplo, em sua tetralogia do Anel do Nibelungo.

O Symphony X já se utilizou d’A Odisséia (The Odyssey, petardo de 25 minutos de duração) e também de Allan Poe (King of Terrors, que fala do conto A Ponte e o Pêndulo). O último disco da banda leva o nome do poema épico O Paraíso Perdido de John Milton, que retrata a caída de Adão e Eva do Jardim do Éden, Paradise Lost, o Kreator faz referência ao mesmo poema na música Servant In Heaven/King In Hell. Paradise Lost, aliás, é o nome da banda americana de gothic/doom metal pioneira no estilo. Como podemos perceber a Literatura influencia incluse os nomes das bandas de Heavy Metal. Amon Amarth, Gorgoroth, Lothloryen são apenas alguns que tem o seu nome inspirado na obra de Tolkien. Mägo de Oz (não precisa falar), Alice in Chains (referência a Alice no País das Maravilhas), Satyricon (estória romana da autoria de Petrônio) poderíamos ficar horas e horas aqui apenas analisando nomes e músicas.


No Brasil algo que desfavorece o engrandecimento do metal, frente aos demais gêneros, é o fato de o idioma predominante ao metal é o inglês, muitos que não se interessam em buscar uma tradução fiel, levando em conta apenas aquilo que vêm sem entender o porquê, outros apesar de se identificarem com a letra acusam aversão à música pela complexidade como seus arranjos são elaborados e a singularidade das técnicas vocais pertinentes a cada vertente do metal, que vão de guturais a barítonos.


É de destacar que a música é um factor que altera a química do nosso cérebro. Sendo assim, este tema é bastante crítico e conciso, uma vez que a música está na base de alguns momentos de formação da identidade de género humano, e pode tomar proporções nunca pensadas, enquanto duas pessoas falam, simplesmente, de música. Para fortalecer ainda mais a tese de que o heavy metal também é "música cult", feita para ser apreciada e debatida por pessoas que levam a música a serio, e não apenas como um entretenimento vil, finalizarei este artigo com os resultados de uma pesquisa de cunho científico a respeito do perfil comportamental e intelectual dos metalheads.

Recentemente Pesquisadores do Heavy Metal buscaram desmitificar a visão negativa que se tem de fãs desse estilo musical. A pesquisa, realizada na Universidade Heriot Watt, em Edimburgo, na Escócia, entrevistou 36 mil pessoas. Os pesquisadores fizeram perguntas sobre características da personalidade de cada participante e pediram para que os voluntários avaliassem 104 estilos musicais. Os resultados sugerem, por exemplo, que fãs de jazz são criativos e extrovertidos, enquanto aqueles que gostam de música pop tendem a ter pouca criatividade.
Segundo o professor Adrian North, que liderou o estudo, a surpresa foi descobrir semelhanças na personalidade de fãs de música clássica e heavy metal. “São pessoas muito criativas, introvertidas e de bem consigo mesmas, o que é estranho. Como você pode ter dois estilos tão distintos com grupos de fãs tão parecidos?”,afirmou North. Ele ressalta que uma das explicações pode ser o “aspecto teatral desses estilos, que são dramáticos“.

“As pessoas em geral têm um estereótipo sobre os fãs de heavy metal, acham que eles têm tendência suicida, são deprimidos e representam um perigo para si e para a sociedade em geral. Na verdade, são pessoas bem delicadas“, afirmou.

Estudantes talentosos que se sentem pressionados por sua capacidade, usam música heavy metal para superar as suas emoções negativas, de acordo com um estudo da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha. A pesquisa foi coordenada por Stuart Cadwallader e Jim Campbell, da Academia Nacional para Jovens Talentosos e Superdotados da universidade britânica. Ambos estudaram 1.057 alunos entre 11 e 18 anos. Os jovens responderam a questionários sobre família, comportamento na escola, nas horas de lazer e preferências na imprensa. Os alunos também responderam a perguntas sobre o seu gosto musical. O rock foi o estilo mais popular, seguido de perto pelo pop. Mais de um terço dos entrevistados citou o heavy metal como gênero favorito. Os estilos musicais também foram associados a características de personalidade dos jovens: os que dizem gostar de heavy metal teriam uma auto-estima mais baixa do que os outros.

Intrigados com essa relação, os pesquisadores então entrevistaram 19 estudantes superdotados sobre a opinião deles acerca do heavy metal. Os estudantes, embora afirmassem não se considerarem “metaleiros”, disseram se identificar com alguns aspectos dessa subcultura. Eles dizem que o heavy metal pode ser usado como instrumento de catarse, usando a música normalmente alta e agressiva para liberar as suas frustrações e irritações.

“Talvez as pressões associadas ao talento e a superdotação possam ser temporariamente esquecidas com o auxílio da música”, disse Cadwallader. “Como um estudante sugeriu, talvez jovens mais inteligentes sintam mais a pressão sobre eles do que os outros e usem a música para lidar com isso.”

De acordo com o site Stuff.co.nz, um pesquisador universitário da Nova Zelândia ganhou uma bolsa de estudos do governo para estudar os hábitos e o estilo de vida dos fãs de Heavy Metal. A bolsa, no valor de 96 mil dólares neozelandezes (cerca de 69 mil dólares americanos, ou quase 142 mil reais), fará com que Dave Snell tenha a oportunidade de levar adiante o seu estudo intitulado “O Dia-a-dia dos Bogans: Identidade e Comunidade entre Fãs de Heavy Metal”. A pesquisa inclui estudos dos diferentes estilos de “danças” do Heavy Metal – seja o famoso ‘head bang’ (bate-cabeça) ou o mosh, que é quando os fãs se “batem” – assim como a importância de tatuagens e piercings. Na Comissão Educativa de Terceiros, que administra as bolsas de estudos, o administrador geral Frannie Aston disse que “essa pesquisa irá nos ajudar a entender nossas comunidades e nossos jovens”.
Texto por: Jadson Luan
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Um comentário:

  1. Olá, Jadson!
    Ficou legal o artigo. Eu gosto de heavy metal, principalmente o Black Sabbath.
    Um abraço!

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