Não se pode falar de humor inteligente e sagaz se não mencionar o nome do Barão de Itararé. Sem dúvida, ele é a vanguarda de plêiades de humoristas deste país entre eles Ziraldo, Jô Soares, Sebastião Nery, Millor Fernandes...
Brasão do Barão de Itararé |
Antes do título de nobreza a personagem central tinha até um nome pomposo chamava-se Aparício Brinkerhoff Torelly. Nascido em 29 de janeiro de 1895, filho de uma índia charrua e pai brasileiro. Com sete anos, o barão mais plebeu que já existiu neste país já fazia suas gracinhas. Criou seu primeiro jornal “O Capim” tendo apenas uma só edição e apenas um exemplar, pois logo foi confiscado por um padre do internato que Aparício estudava em São Leopoldo. A vida de Aparício depois de ter saído do internato e ingressado no curso de Medicina em Porto Alegre, segundo ele, resume-se em: três anos perseguindo mulheres bonitas sem resultado, dois anos no xilindró por razões diversas, e dez anos na segunda série de Medicina, reprovando sempre em anatomia descritiva. Porém o que nunca deixou de fazer ainda nesses anos foi praticar seu humor rápido e mordaz. Numa prova oral um seriíssimo professor de Anatomia pergunta:
-Quantos rins nós temos?
-Quatro-Respondeu Aparício
-Quatro?O senhor está maluco?
-Dois meus e dois seus. Isto se o senhor for um indivíduo normal.
O professor durante outra argüição ao ouvir as respostas cretinas de Torrelly grita pra o bedel:
-Traz aí um pouco de alfafa!
O Barão reage:
-E para mim, um cafezinho.
Depois que algumas publicações em jornais e revistas de Porto Alegre. Aparício abandona o curso de Medicina e segue para o Rio de Janeiro, com 21 anos de idade, em direção ao Jornal “O Globo”. Ao encontrar o diretor do Jornal,Irineu Marinho, foi logo avisando-o que era o profissional que o Globo precisava dizendo:
-Sei fazer tudo. Desde varrer a redação até dirigir o jornal. Mesmo porque não há muita diferença entre uma atividade e outra.
Foi contratado imediatamente ao mostrar uma de suas crônicas, tendo esta publicada já no dia seguinte e assinada na primeira página.
Mas o Barão não pára, não tarda e ele funda seu próprio jornal semanal chamado “A Manha”, o título é uma pequena subversão em cima do matutino “A Manhã”. “A Manha” trata-se de uma molecagem editorial que expunha ao ridículo políticos e personalidades.
“A Manha” durou até o começo da década de 30. O Barão de Itararé se engajou em outros jornais, entre eles o “Jornal do Povo”. Onde foi seqüestrado e espancado por oficiais da Marinha.
Em 1935 o Barão relança “A Manha”, no período ditatorial do Estado Novo e coloca na porta o famoso letreiro “Entre sem Bater”. Mas o letreiro de nada adiantou, visto que entraram, bateram e levaram o Barão para o presídio de Ilha Grande. Lá conheceu vários membros do Partido Comunista, inclusive o escritor Graciliano Ramos. O Barão veio até a se tornar um personagem do Livro Memórias do Cárcere.
Num interrogatório com o oficial de plantão na Vila Militar Aparício Torelly não deixou fazer seus gracejos:
-Nome?
-Aparício Torelly
-Sabe ler e escrever?
-Sim
-Profissão?
-Jornalista
-Participa do movimento?
-Sim.
-Pode dar mais detalhes?
-Participo do movimento como o senhor também participa. Afinal, como prova a física, tudo no mundo é movimento.
Em 1945, com a abertura política, “A Manha” volta a circulação.E ainda dois anos depois é eleito vereador da então capital da República pelo Partido Comunista Brasileiro.
O Barão passa a viver em São Paulo, e lança várias edições do “Almanaque”. Nele temos suas tiradas, como: "A estrela de Belém foi o primeiro anúncio luminoso" ou a confusão que o teria feito aderir ao integralismo, cujo lema era "Deus, Pátria e Família!", e que o barão teria entendido como "Adeus, pátria e família!". Ainda satirizou o término do governo de Vargas dizendo: “Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra)”. E sobre o voto secreto ainda pincelou: “O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”.
Doente e tendo sofrido já dois derrames e tendo dificuldade de manter o jornal com falta de dinheiro e saúde bastante fragilizada... Aparício tranca-se em seu apartamento no Rio de Janeiro. Afastado do humorismo profissional, mas ainda o praticava na vida cotidiana. Numa ocasião onde quase foi atropelado por um carro comentou com seus amigos: “Era um belo carro. No mínino, cento e vinte cavalos, sem contar o que estava ao volante”. Jamais perderá o bom e velho senso de humor, já bem debilitado respondeu ao médico quando este lhe perguntara a respeito de sua alimentação:
-Minha alimentação é frugal, doutor, consta só de dois pratos. Um fundo e outro raso.
Em 27 de novembro de 1971, em seu apartamento em São Paulo falece o Barão mais plebeu que já existiu... A única situação em que o nome de Aparício Torelly esteve envolvido e não teve graça alguma. Mas que no entanto fez valer uma de suas máximas que diz:”O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva”.
Algumas outras frases e trocadilhos do Barão de Itararé, o pai do humor político brasileiro e do jornalismo alternativo.
Quer conhecer mais frases do Barão de Itararé?! Então deixe de manha e trate de baixar o livro que disponibilizamos para download: “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé.”
Texto por: Rafaela Barreto
Esse com toda certeza é meu post predileto ate agora, a escritora esta de parabéns!!!
ResponderExcluiro link para download não está mais disponivel
ResponderExcluirhttp://miscelaneae-books.blogspot.com.br/2011/08/maximas-e-minimas-do-barao-de-itarare.html
ExcluirAqui está , na parte de download do blog!
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